terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Novo Mundo

Algo mudou no mundo, uma solução vaga e sublime emergiu de um mar negro de premissas pré-editadas. Gravo num momento o som da tua voz, os gestos que compões, a forma como sorris. Acompanho esse momento em cada pensamento findo ou inacabado.
Qual será o limite? É algo que me questiono, procuro a resposta numa busca pura, incessante e contemplativa, digamos que activei o estado de euforia, júbilo, alegria, esperando que o limite tenda para mais infinito, numa função cuja abcissa e ordenada sou eu e tu.
Cessa o tempo de contacto, a hora h ou m, chega a saudade, algo dói por dentro, no âmago do meu ser, não sei se é porque a ventura esmorece se porque o coração padece. Recordo cada palavra, cada toque, cada momento, tudo aconteceu num aparente ápice de emoções, agora permanece a saudade e a vontade de te reencontrar.
Onde andas? Saboreava a tua companhia agora, aqui comigo. Recorda-me o que sentes, diz-me quem és. As breves palavras falham, quando o que se exige dizer intensifica o sentido da vida, procuro entre meios e diminutos recursos estilísticos um termo para este problema, será que encontro? Penso que não, é difícil explicar o que não pode ser, assim, esclarecido.
Como reter esta panóplia de sensações, que abalam a razão, que escapam às leis da pura lógica comissionada, que me compungem por não as conseguir descrever desta forma? Talvez a essência reside na ausência da delineação, pois, possivelmente, é algo que só sentido se constrói e só no sentir se desvenda.
Agarro cada vocábulo que escrevo, cada vago entoo que expresso, qualquer proposta ou protesto furtivos. Existe em mim um sabor diferente, um sentir distinto, um conhecer evidente num mundo novo, que mudou. Um mundo novo em que me arrebatei. Um mundo novo em que te conheci. Este recente mundo, no qual me apaixonei por ti.
Raquel

ah

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

respiro fundo

já não te reconheço a transparência.
omiti fracassos mas assumi a derrota quando a inteligência pairou no sentimento mais puro do amor.
sonho ou ilusão?
pergunta à qual não respondo declaradamente quando entro em diálogo com a ignorância.
questiono a confiança, acredito mais na mentira que na verdade que constróis.
essa, é toda ela, uma mera doença que plantas no teu canteiro.
parecem rosas por fora mas picam quando lhes dou o toque.
de janela aberta escondes o quarto dos prazeres proibidos que tens e confessas apenas às paredes.
não quero a verdade,quero o castigo.
nem esse o tenho porque investes no silêncio escuro.
escuro e amargo.
manifesto ironia e inspiro desconfiança.
porque o erro é a tua constante.
a solução existe?
ainda acordo e sonho acordado que sim, que existe mas num dia distante para os lados da terra dos reis da dignidade (que ainda não tens).
respiro fundo e habito na tristeza de existires assim.
tão impune sobre a verdade preta que reservas e tão atraido pela presença ausente que pautaste.
quem é o causador?
não creio ser tão ignorante assim, és tu.
és a causa e a consequência.
a permanente vontade.
a demolidora raiva.
e agora,espero que num tempo limitado, a merda.
respiro fundo e relembro o sentido que me deste.
respiro fundo
respiro fundo
recupero a calma dos meus dias e quando tropeço no nosso destino sinto-me o mais feliz e volto a respirar fundo e depois suspiro /UFF/
a vontade vai estancando a raiva
a vontade de selar a verdade e encetar o sonho
enquanto permanece...
respiro bem fundo...

este lugar de santarém

ruas, becos, pessoas e memórias fazem deste lugar o momento.
e que momento!
é depois de sair que sabemos o que é entrar e estar aqui.
repleto de escárnio e mal dizer, de vazios e ausência de tudo e em simultâneo da luta de quem existe, pensa e age de alma cheia por causas.
tem uma história de liberdade, sim tem.
mas é mais que vinho e touradas.
foi esta a cidade que me viu que crescer.
a reacção da juventade fez-se aqui e não foi preciso a foice e o martelo.
apenas é preciso saber estar entre quem tem valor e viver a partilha.
entrar de rompante mas com razão!
sofrer mas com razão!
e ser presseguido e criticado com razão!
para de peito cheio de orgulho fazer o hoje com o sofrimento e o amanhã com o orgulho.
para marcar e demarcar os que nos rodeiam com a verdade de que se pode fazer desta uma cidade livre e não apenas uma cidade com uma história de liberdade.
O herói na frente de batalha queda primeiro se estiver sozinho.
e saibamos compreender que heróis só no cinema e ao mesmo tempo perceber que 74 já lá vai e temos uma palavra.
o jovem só o é intervindo e participando.
e se não há diplomacia saibamos fazê-la nós da forma menos diplomática se necessário.
aqui ou noutro lugar.
A estátua do capitão Maia está cá por abril, pela liberdade mas não só!
Está cá para avivar a memória aos entulhos que ainda vivem noutros tempos que o nosso tempo é outro.
Porque ser desta terra não é passar por cá mas sim fazer algo por estar cá em harmonia com este lugar de santarém!

"a estética e os ismos"

o processo creativo é algo que não me atormenta.
penso e escrevo e sinto o que escrevo.
a minha consciência vem-se e fumo um cigarro.
repito o processo até ela perder a vontade.
depois leio o que escrevi e penso.
que exercicio fantástico.
uma parte de espirito transformado em algo material, é isto.
isto é a minha estética.
não sigo tendências. Quem as segue?
quem não tem espirito ou quem se ocupa de ocupar outros espiritos que não são o seu?
a língua é mais que a tendência, é mais que a gramática.
a lingua é a expressão, a comunicação.
em primeiro lugar a conversação com nós próprios porque o reflexo do outro é parte consequente de nós próprios.
e quando me perco e já não sei por onde seguir, basta-me sentir.
depois vem a parte pura: a expressão racional da coisa que me persegue.
para isso tenho noções, conceitos e a curiosidade.
não é mais que a cultura que construo através de experiências que dá ao espirito essas gavetas de informação e saber.
mais tarde relembro com a memória, leio e penso: eu senti o escrevi.

perder o norte

uma noite
deixa a consciência à porta de casa
sai!
encontra-te com os perdidos!
consome e encontra-te
ri-te porque sim
procura conspirar sobre os porquês daquilo que não se questiona
perde o norte
desorienta-te no caminho para casa
sente que não sabes o caminho
que estás a viajar
olha para o relógio e repara que depois de uma hora a andar só passaram 10minutos
olha para os teus olhos
olha para o céu e sente como és pequeno
deita-te nas escadas e vê tudo à roda, quanto novimento
teoriza sobre as razões que te deixam assim
quando passará o efeito?
se ficasses sempre assim
como seria?
porquê encontrar o norte?
inventa palavras e faz um novo dicionário
dança e inventa letras de canções
bate nos elefantes e pisa as aranhas gigantes
que o norte se foda
que rosa dos ventos compensa este poder?
corre!
sente o baque baque do coração
já transpiras
já temes a luz
os carros são naves e tu estás em fuga
queres a noite escura
perdi o norte
e depois, que ganhei?

R:"uma esperiência que não conheces meu porco!"

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

em fuga do rebanho

porque haverão de existir pastores?
porquê?
porque haverão de existir rebanhos?
porquê?
Não há escolha ou a escolha já foi escolhida?
Não há consciência ou a consciência já foi formatada e redefinida?
Estou errado ou não há solução?
Porque posso eu questionar, será que eu sou o carneiro que está em fuga?
Não encontro respostas ou as respostas são demasiado óbvias?
Eu como a minha própria carne, se gostar cago-a eu, caso contrário vomito-a eu. Sou eu. O carneiro não é ele, é menos que isso.
Posso comer a minha própria carne ou isso é animal de mais para um carneiro em fuga?
As ovelhas tem espaço e tempo ou vivem num rebanho apenas?
O que será que está do lado de lá?
vou desertar do rebanho do mundo e descobrir?
Ou engrenar no rebanho globalizado?
Isso não se pergunta!
É óbvio que fico no rebanho ( no rebanho dos passáros )

encontro

tem um nome? mas que interessa isso? damos nomes a tudo.
o fantástico não se prende com isso. Encontro mais uma semântica nisto.
uma paz interior baseada na calma, no desejo despesperado do toque.
ai que olhos de cristal!
ai que lábios, que pele!
ai que perfeito este ser!
por entre irregularidades sinto o linear da paixão.
simples na expressão, racional e lógica na atitude e bela no sentido da partilha.
é, nada mais que um encontro com a procura que procurei por toda a parte e pensei, quase certo, que não podia encontrar.
ai que iludido estou por estar assim.
Posso parar no tempo e consumir todos os livros perante este sentimento, todas as coisas na sua verdade de ser.
Ser poeta é estar por dentro de ti e eu já não quero sair de lá.
do teu recheio.
diz-me de onde vens e porque vens?
diz-me que não regressas e ficas até um dia distante ou simplesmente que me levas contigo e concretizas este encontro.

que liberdade é esta?

Deixa-me ser livre e inventar uma nova linguagem,uma nova poesia,uma forma de expressar o que não existe atravás de "clics" em teclas pretas. Quero partir o muro da expressão e chegar até à verdade interior do meu ser.
Vou entrar por aí a dentro e possuir-me como um todo impenetrável ao som de uma orquestra cheia de violinos e flautas tocadas por diabos.
Deixa-me vestir de preto ou branco ou simplesmente despir-me de pré-conceitos ou até de roupa. Que se queime o vestuário e todos os cartões de crédito. Fogo às máquinas de construção, acabemos com o betão, e vamos para o campo fazer a festa e fazer amor, sexo e consumo de toda a natureza.
Bombas no parlamento, nas escolas e morte ao raciocinio. Para quê conceitos?
Serei livre como um estupor de uma gaivota que voa sem saber porquê.
Abandonemos a civilização dos novos tempos.
Deixemos de pensar e passemos a amar as coisas simples, os pequenos vazios que nos consomem.
Levarei os malucos comigo, alguns musicos, poetas e pensadores e farei de ti eu.
Desconexado? Talvez... que felicidade sinto por ser livre de escrever todos os pensamentos numa lógica pura de sentimentos, com pouca razão ou não.
Criar em liberdade, posso?
Não?
Sim?
Que liberdade é esta?